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A ‘Gurls Talk‘ se sentou para um café da manhã com a atriz e cantora britânica Naomi Scott e uma coletiva de mulheres para discutir seu papel como a ‘Princesa Poderosa’ na adaptação em live action de Aladdin, dirigida por Guy Ritchie e produzida por Dan Lin e Jonathan Eirich. Nós perguntamos à Naomi uma série de questões sobre raça, gênero e empoderamento feminino.
GURLS TALK: A Princesa Jasmine definitivamente não é uma princesa comum, ela exala força tanto física quanto mental. Como você fez para ter certeza de que estava apta para retratá-la da maneira que fez?
NAOMI SCOTT: A Jasmine era a princesa que eu mais podia me conectar quando mais nova, eu me sentia mais forte ao assistí-la pois ela era sincera. Ela era a princesa que eu podia interpretar, aquela que eu mais podia me identificar com, em termos de aparência e personalidade. Quando surgiu a oportunidade, minha mente começou q fluir pois eu estava pensando em todas as coisas que eu poderia fazer com a personagem para humanizá-la. Como uma atriz eu senti como se eu realmente pudesse fazer algo grande. Eu não sei o que eles estão pensando mas eu tenho um bom pressentimento pois eu amo o que a Disney tem feito com suas heroínas e eu realmente aproveitei o processo de audição. 
Tinham algumas coisas que eu queria focar na Jasmine; eu queria trazer um pouco de maturidade. Não queria fazê-la tão nova, ela sabe o que está fazendo, ela é uma política. Eu queria que ela tivesse essa consciência de fundamentos, um sentimento de que ela está resolvida, ela sabe quem ela é mesmo enquanto está tentando encontrar a sua voz e eu queria que ela encontrasse essa voz. Algumas vezes no passado, ao criar esses papéis femininos, havia aquela percepção de que ‘ah, ela é forte porque falou algo astuto para um cara pois ela é audaciosa’ mas não, não é assim para mim. Ela está, na verdade, lutando pelo povo de Agrabah (O país fictício de Aladdin). Isso é feminismo e é importante, e também é o que a faz forte. Você também pode ser forte em sua fraqueza; você pode ser forte e chorar, você pode ser séria e divertida, as mulheres podem ser um monte de coisas diferentes. Mesmo quando as pessoas falam comigo sobre a Jasmine e dizem ‘ah, ela é tão audaciosa,’ o que é ótimo (quero dizer, ela tem algumas sacadas excelentes) mas para mim era sobre a sua profundidade e trazer isso para a dianteira.
Mesmo detalhes pequenos como andar no tapete mágico importaram. É muito fácil, quando se está gravando, esquecer-se desses detalhes mas para mim foi definitivamente um caso se ‘eu preciso pilotar essa coisa em algum momento pois eu posso.’ É muito mordaz para mim pois ela é aventureiro por natureza e apesar de ter sido ensinada a ficar comportada por ter uma responsabilidade para sustentar, ela não se conforma aos típicos papéis de gênero, especialmente como uma princesa. Também há uma força em ser comportada, uma força em manter-se firme, ser sábia e ponderada e quando ela escapa do palácio ela também quer explorar, ela não tem medo, então para mim esse tipo de coisa foi importante.
É só que não se trata apenas da Jasmine querendo somente ser Sultana mas querendo liderar por saber que ela possui grandes habilidades de liderança e isso foi o mais importante para mim. Eu não estava reclamando por poder só porque eu posso, a Princesa Jasmine sabe que ela é mais do que qualificada para pegar esse papel tipicamente masculino de Sultana. Eu queria que  as pessoas a vissem como uma princesa dos dias modernos que é forte, inteligente e assertiva.
GURLS TALK: Aladdin pode ser visto como sendo um dos mais diversos filmes da Disney até então, como foi fazer parte de um projeto como esse, um grande filme onde você viu a si mesma representada na tela?
NAOMI SCOTT: É muito louco porque eu creio que para mim como atriz sempre tem sido um filme interessante como exemplar para a minha jornada, eu não a mudaria pelo mundo pois eu aprendi tanto e eu cheguei a um lugar onde eu sou quem eu sou. Como uma mulher mestiça e para passar por todas as coisas onde você não é o suficiente para uma pessoa ou outra pessoa, é tão bom sentir que eu sou representada de um jeito que é verdadeiramente especial para mim e eu penso para outras garotas, jovens garotas e jovens garotos, ver alguém que eles possam interpretar, especialmente quando você é pequeno é simples mas também poderoso. Uma criança pode não ver todas as nuances, mas elas podem ficar tipo ‘AI MEU DEUS eu posso ser ela!’ então isso é algo que eu percebo ser muito importante e poderoso, eu estou simplesmente tão orgulhosa desse elenco e tudo é perfeito. Assim como o Will trazendo sua sensibilidade e seu tempero para o seu papel foi também muito importante.
GT: Você acha que isso configurará um precedente para a Disney em fazer seus filmes mais diversos?
NS: Eu espero que sim, gostaria de pensar que sim. Eu acho que o que é legal é que estamos começando a ver mais desses tabus sendo quebrados, a ideia de ‘ohh uma líder’ e aí boom Mulher Maravilha e aí boom Bela e a Fera- Obrigada! ‘Ohh um elenco negro?’ e aí Pantera Negra! Eu acho que é bom que estejamos vendo isso sendo jogado fora porque eu acho que também causa efeitos mais num nível psicológico. Algumas vezes não é tão palpável quanto apenas os fatos dos dados, é um sentimento de ‘oh, ok, eu consigo fazer isso’. Por exemplo Pantera Negra, para as crianças negras houve um tempo em que eles só poderiam relacionar ao líder branco por um longo período e agora é tipo ‘confie em mim, você consegue fazer isso também’, como não é na verdade tão difícil e você fica apto a se conectar. O que eu amei sobre esse filme é que foi um baita filme negro e isso se deve ao diretor Ryan Cougler comandando isso que foi tão importante. Antes desse filme as crianças provavelmente pensavam que ser uma pessoa de cor e brincar de ser o líder é algo que elas não poderiam fazer, talvez para aquela uma pessoa dentre milhões mas agora é realmente uma opção viável se eu trabalhar duro.
Ainda há um longo caminho a ser percorrido e definitivamente para mim eu tive que forjar minha própria pista pois eu sou meio que uma criatura estranha já que eu não sou uma coisa ou outra, então tive que criar meu próprio jeito e eu passei por muita coisa, ser a garota nova e então  perder para a opção de negócio potencialmente mais sábio porque para eles isso faria mais sentido, mas agora eu amo e compreendo quem eu sou.
GT: Você canta uma música no filme chamada ‘Speechless’ que eu acredito que será outro grande hino da Disney. O objetivo é uma poderosa mensagem sobre recusar a desistência e quão importante é lutar por aquilo que você acredita. Quão importante foi para você fazer dessa música um dos destaques do filme?
NS: Primeiramente, eu cresci com música gospel, tipo Mary Mary, Kirk Franklin então para mim foi um pouco diferente pois é mais musical e eu nunca tive um treinamento vocal ou qualquer coisa do tipo. Foi um desafio. E era uma música tão difícil. Quando eu escutei, eu fiquei tipo ‘wow!’ se não pela afinação dessa música sozinha.
Quando gravamos aquela cena foi a tempo, especialmente na mídia onde mulheres e homens falavam sobre coisas que aconteceram com eles e eu meio que senti o peso disso, eu estava tipo, você sabe, têm muitas pessoas antes de mim que se expressaram e isso não teve um efeito positivo em suas vidas. Essa concepção que pensamos que as pessoas estão se colocando só por alguma recompensa, é tipo ‘não, esse não é o motivo!’ É duro pois quando você se posiciona você recebe essa repercussão e tiveram pessoas que vieram antes de mim e se colocaram e permitiram que eu me sentisse mais protegida no meu trabalho tipo que incrível, houveram mulheres que precisaram fazer sacrifício, como a minha avó 
Minha família é da Uganda, minha avó tinha 10 filhos e se sacrificou tanto por eles, ela se casou aos 15 e teve o primeiro filho aos 16. Eu olho para a minha avó e penso ‘wow, o que você entregou permitiu-me fazer o que estou fazendo hoje.’ Então quer essas pessoas na mídia, mulheres que eu conheço ou mulheres que eu acabei de conhecer que me inspiram, tudo isso foi o que eu levei para o lugar quando gravávamos ‘Speechless’. Eu quis dar tudo de mim em homenagem. Eu não queria que fosse bonito, eu queria que fosse bruto, eu tinha veias saltando dos lugares, eu queria que fosse feio nesse sentido, porque ela está brava e está tudo bem ficar bravo algumas vezes. Eu queria fazer justiça à música, precisava ser poderosa, forte e ainda provocante e eu espero que tenha feito isso.

Fonte: Gurls Talk
Tradução & Adaptação: Equipe Naomi Scott Brasil