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Naomi Scott, Olivia Cooke e Bel Powley são as estrelas e as produtoras executivas da série de podcast chamada Soft Voice. A história acompanha uma jovem mulher (Scott) com uma voz em sua cabeça que diz a ela o que fazer, guiando-a para seu sucesso extraordinário. Um dia, a voz desaparece — e uma nova voz assume. A série de 10 episódios foi criada pelo ator James Bloor (Barkskins).

Confira o resumo do terceiro episódio de Soft Voice.

EPISÓDIO 3 – BURIAL GOLDMINE

(ALERTA DE GATILHO – SUICÍDIO)

A batida da música transporta-nos, ouvintes, para uma boate: Burial Goldmine. Dark Voice comenta gostar de Berlim, que é muito divertido. No fundo da floresta de corpos, em meio à fumaça, às respirações, ao suor, aos toques e à dança está Lydia. Seu coração bombeando sangue, os lábios com gosto de whisky, seu corpo arrepiando-se e girando. Lydia estava tendo a melhor noite de sua vida.

Logo escutamos a avó de Lydia muito contente, cantarolando em meio à multidão sobre como ama Berlim. “Vó Night Night! Onde você esteve!?” Exclama Lydia, com alívio por tê-la encontrado.

Dark Voice então nos diz que Lydia e sua avó chegaram ao Burial Goldmine seguindo 3 passos simples. Primeiro passo: Lydia diz que queria ter levado mais coisas do que a roupa de malha e o macacão, e que acha que a cabeça vai congelar porque o cabelo está super curto. “Pare de se lamentar!” repreende a avó, “Estamos em Berlim! Finalmente estamos aqui!” Lydia reclama que o ouvido ainda está com pressão pelo vôo, e a avó sugere que a neta boceje, o que resolve a situação. Lydia recebe uma mensagem do Graham. “Graham é o seu marido?”, questiona a avó, e Lydia diz “Não exatamente. Tipo isso.” Então a avó pergunta se ele é gay e Lydia diz que não. Ela escuta o áudio de Graham, que dizia “Hey, só fazendo um check-in. Eu estou aqui no restaurante de ostras, e eu não tenho nenhum sinal de você, então… Não, espera, ali está você! Ah… Não, é só um cavalheiro desajeitado.”

Lydia preocupa-se, pois deveria estar com ele. “Meu bom Jesus! Ele soa um chato.”, diz sua avó, “Encontre um homem decente, Lydia, pelo amor. A vida é curta. E a parte boa da vida é muito curta. Pare de desperdiçá-la.” Lydia diz sentir sua cabeça girando, então decide que elas precisam ir para o hotel, e então elas poderão acordar e fazer algumas atividades culturais pela manhã. “Não, não, não!” a avó desaprova o plano de Lydia, “Os garotos estarão aqui já já”. Lydia se surpreende e a avó diz “Meus garotos de Berlim.” Lydia questiona se a avó falava sobre os amigos que tinha quando morava na cidade, nos anos 70, mas Night Night diz, prontamente: “Claro que não, estão todos mortos! Garotos novinhos.” A avó diz tê-los conhecido num aplicativo pornográfico, e Lydia se surpreende que ela tenha um celular, e a avó diz “É o século 21”, denotando o quão óbvio deveria ser o fato dela ter um celular.

Então a avó, após contar algumas vantagens do aplicativo, diz que pode abri-lo, mudar a localização para Berlim… E lá estão eles, na esquina. “Fizemos grandes planos para essa noite, Lydia”, informa a sua avó, já chamando a atenção dos rapazes do carro. Dark Voice narra para nós que três gays lindos desceram do carro e abraçaram a avó de Lydia, jogaram glitter sobre ela e sobre a Lydia (que espirrou). “Você deve ser a Lydia,” disse um dos homens “ouvimos falar muito de você.” O homem se apresentou como Saalim. Malco e Yulian se apresentaram logo em seguida. “Vamos,” Saalim chamou “precisamos entrar no carro”, sem se importar com a preocupação de Lydia sobre como caberiam todos ali dentro.

“Segundo passo:” Dark Voice nos conta, “a pílula maravilhosa.” Saalim diz que vai levá-las para uma boate chamada Burial Goldmine, e apesar de Lydia estranhar por estarem no meio da semana, Night Night pede para que eles pisem fundo no pedal. Yulian oferece uma pastilha para a avó e outra para Lydia. Um dos rapazes pergunta se a avó quer beber alguma coisa pra ajudar a engolir, mas a mesma diz ser uma “engolidora profissional de pílulas” por causa das muitas cartelas de remédio que ela toma diariamente no asilo. “Oh meu Deus!” Lydia diz em tom de alarme, “avó Night Night, você tem suas cartelas com você!? Você as trouxe!?” A avó diz que não, e manda a neta calar a boca. Quando Lydia tenta argumentar, Night Night fala para ela tomar a pílula também, colocando-a na boca da mais nova e Lydia engole. “Mas o que vamos fazer!?”, pergunta Lydia, mas não obtém resposta.

O terceiro e último passo foi atravessar os seguranças. Um deles barrou Night Night com a justificativa de ela ser muito velha. Night Night então, irritada, diz quem ela é: Judith C. Gumpfield, que teve muitos apelidos durante a vida. Ela conta que vivia em Berlim antes do segurança ter nascido, quando as pessoas ainda levavam tiros por tentarem atravessar o muro. Ela apresenta uma cicatriz no queixo e explica que foi causada pela polícia. “Se nós não tivéssemos invadido Kreuzberg, o seu governo teria destruído todo o lugar!” Ela ainda diz que Burial Goldmine seria um banco. “Isso significa que você me deve o seu emprego.” diz Night Night, “Agora saia do caminho.” E com isso, a avó atravessou os guardas e entrou na boate, deixando Lydia e os rapazes para trás. “Dark Voice”, chama Lydia, perguntando o que foi a sensação que ela acabara de ter nas pernas. “São golfinhos”, diz Dark Voice, e Lydia exaspera: “Nas minhas canelas!?”, “Yep.” é a resposta de Dark Voice, seguida por um “Aproveite.” Lydia diz estar com medo, e a Dark Voice fala para ela sentir a música, respirar, e relaxar. Relaxar tudo. Lydia começa a gostar da música, mas fala não saber como aproveitá-la. “Pare de tentar”, diz Dark Voice. Lydia diz querer dançar, mas que não pode porque dança mal. “Dançar mal não existe”, retruca a voz.

Lydia procura pela avó, mas não consegue vê-la. Dark Voice garante que ela estará bem, então Lydia começa a curtir as sensações que tinha, e a voz diz “De nada.” Decidida a dançar, Lydia enfiou-se no meio dos corpos, e pela primeira vez na vida Lydia não tinha ideia de como ela poderia parecer para as outras pessoas. Ela sorria, estava eufórica, com muitas sensações boas borbulhando dentro de si. Quando abriu os olhos, Lydia percebeu estar dançando com dois homens. Eles a beijaram. Ao mesmo tempo. Então a levaram para um quarto escuro. Lydia pergunta se os rapazes são gays, se são um casal, e um dos homens diz que eles não são substantivos, mas sim verbos. Lydia diz que acredita ser um adjetivo. “Qual?”, pergunta o homem. “Bonita,” começa Lydia, “oculta. Inocente. Perigosa.” O homem sussurra que não, que ela é um verbo. Porque ela é tocar, beijar, lamber e brincar. E no meio de tanto prazer, uma única palavra veio à mente de Lydia: Graham.

Lydia sai às pressas da boate, e então envia um áudio para o namorado. Ela pede desculpas por ter furado com ele, e diz estar em Berlim. Então ela se pergunta porque ela sempre diz que Graham tem um coração de ouro, qual o significado disso. “Talvez signifique que você tenha um coração de metal”, fala que ele é um peso e que ela sofre por estar com ele, porque dentro dela existe medo e indiferença. “De qualquer forma, eu perdi um sapato.” Ela conta que foi beijada inteiramente por dois outros homens. “E eu sinceramente odeio ostras! Eu nunca provei nada mais nojento do que uma ostra. E eu nunca desejei você. E isso é motivo para comemorar porque eu não sou um adjetivo! Eu sou um verbo! Na verdade, eu sou muitos, muitos verbos!”, ela diz, enviando o áudio com triunfo. Dark Voice comemora, e Lydia agradece por finalmente estar livre, por finalmente poder ser ela mesma. Ela agradece muito, e diz amar a Dark Voice, diz sentir-se incrível. “Você é incrível, Dark Voice! Eu te amo, eu te amo mais do que eu amo a Soft Voice. Dance comigo, Dark Voice!”

Chegamos então na cena de início desse episódio, com a avó cantarolando pela boate. “avó Night Night! Onde você esteve? Eu te perdi!”, diz Lydia, mas a avó responde que não é possível perder alguma coisa, porque o total de toda a energia e matéria é o universo, que mantém-se constante, e que as coisas simplesmente mudam de uma forma para a outra. “Eu estava me divertindo!” ela diz. Lydia fala que a ama muito, e a avó responde: “Eu amo você também, minha querida. E obrigada por isso, Lydia. Isso é um deleite!” Lydia diz que esse é o pontapé de um novo começo, no qual elas podem ser quem elas são, em todos os espectros. Ela diz querer conhecer a avó, querer conhecer tudo sobre a avó. “Não dá tempo, minha querida!” diz a avó, e Lydia rebate dizendo que dá tempo sim. Night Night diz que é o fim, e que na verdade já durou demais. Ela diz que não dá tempo, e que Lydia sempre espera que haverá uma chance no futuro, e ainda assim é aqui que ela está. “Onde?”, pergunta Lydia, sem entender. “Aqui, no fim.” responde a avó.

Lydia pergunta se ela está bem, e Night Night diz que espera que não, completando com “eu não tomei meu remédio do coração nas últimas 20 horas, eu tomei meia garrafa de Glenmorangie, uma pílula magnífica e muitas doses tranquilizantes de cavalo. Estou surpresa que cheguei até aqui.” Só então Lydia entende que sua avó arquitetou isso, e que sabia que morreria ali. A avó diz que recomenda que isso não seja feito quando jovem: “Muito tempo diante de você, há muito a perder”, mas quando se está com 89 anos é uma época ótima para morrer. Lydia se desespera, diz que estão só no começo, que precisa levá-la para um hospital, mas a avó esbraveja que ela não ouse. “Você me deu um presente maior do que qualquer outro que eu poderia receber ao me trazer aqui,” diz Night Night, “Eu não poderia desejar um final melhor.” A avó pede para que Lydia dance com ela, e a Dark Voice fala para ela girá-la. Lydia decide contar à Night Night sobre as vozes em sua cabeça, ela diz que tem algo de errado com ela. “O que há de errado com você, minha querida?”, pergunta a avó, retoricamente. Mas antes que Night Night pudesse contar a Lydia o que há de errado com ela, os efeitos da noite vêm à tona, e a avó morre bem ali. Lydia gritou por ajuda mas ninguém ajudou. Os amigos da Night Night recolheram o corpinho dela e a levaram para fora, enquanto que Lydia tentava segui-los aos berros. Colocaram o corpo no porta-malas. Lydia implora para que Saalim, Malco e Yulian parassem, um deles diz que sente muito mas que um dia ela entenderá, e Lydia é deixada para trás com suas súplicas de que não a abandonassem sendo ignoradas.

Não importava o que a Dark Voice dissesse, Lydia não conversou com ela pelas próximas seis horas. Com um único sapato, Lydia pegou um Uber para o aeroporto, comprou sua passagem para Londres. Na sala de embarque, Lydia olhava para o vazio. Todas as sensações boas que ela sentira nessa noite estavam sendo drenadas dela, então decidiu checar o telefone, encontrando 5 mensagens de voz: Ethan, dos Samaritanos; Antonella, a professora de italiano; Trevor avisando que se ela não ligasse para ele nos próximos 5 minutos ela estaria demitida; Trevor avisando que ela estava demitida; Sônia, do asilo. Lydia deletou a maioria das mensagens antes que elas chegassem ao fim. Então ela recebe um áudio de Graham. Graham conta estar chateado com a mensagem dela, e também conta ter tomado a difícil decisão de não conseguir mais estar com ela. Antes de terminar o áudio, Graham ainda diz que está fazendo o check-out. A Dark Voice perguntou à Lydia se ela estava bem, mas a mesma não disse nada. Lydia não falou nada durante todo o voo.

Chegando em Londres, as pessoas encaravam Lydia porque ela estava fedendo, o cabelo parecia um ninho e ela usava só um sapato, mas ela não se importava. Finalmente ela quebrou o silêncio: “Você a matou.”, disse para a Dark Voice, “É tudo sua culpa”. A Dark Voice responde que ninguém tem culpa de nada, mas Lydia rebate que tem culpa sim, e é a Dark Voice a culpada, pois ela disse que era para levar a Night Night para Berlim. “Que foi o que você queria”, explicou Dark Voice, e Lydia explodiu: “Você deu a ideia!”, então a Dark Voice pergunta quem falou que Lydia deveria dar ouvidos a ela. Lydia continua a culpar a voz, e então sente a culpa sobre si, dizendo “Eu a matei. Nós a matamos.” Dark Voice argumenta que a decisão foi toda da avó. “Eu me sinto doente,” diz Lydia, “Eu me sinto muito, muito doente, e estou faminta. Você é maluca.”

Ela também diz que precisa comer, e que precisa comer Manjar Turco. Na hora de comprar, a máquina de ensacamento dá erro e Lydia tenta parar de chorar, mas a máquina dá erro outra vez. Finalmente ela permite passar e pede para selecionar a forma de pagamento. Sem nenhum dinheiro consigo, Lydia tenta seu cartão de crédito, mas a transação é negada. “Negada!? Como isso é possível!?”, Lydia exaspera, e a Dark Voice diz que pode ser porque ela gastou todo o dinheiro que tinha. E Lydia, muito irritada, fala para a Dark Voice não falar com ela. A voz pede para que ela se acalmasse, mas Lydia se enfurece ainda mais: “Não ouse pedir para eu me acalmar! Você destruiu tudo! Você me fez perder tudo. Você perdeu todo o meu dinheiro, que eu trabalhei tanto e economizei com tanta diligência. Você perdeu a minha avó, me fez ser demitida pelo Trevor, você me fez ser descartada pelo Graham. Os Samaritanos me odeiam.”

Ela pergunta como vai ser a zombaria que ela virá a ouvir, “O que eu vou falar para o asilo? O que eu vou falar para a minha mãe!?”. Dark Voice tenta chamá-la, mas Lydia está farta, dizendo “Não ouse dizer meu nome. Tudo era perfeito antes de você chegar. Eu estava num lugar muito bom, eu estava me dando muito bem, e agora você destruiu tudo. Sua idiota! Sua estúpida! Sua idiota estúpida! Você é desgraça, você é egoísta, uma egoísta idiota! Você é doente! Eu te odeio! Eu te odeio.” Enquanto Lydia chora, Dark Voice nos conta que não soube o que dizer, então preferiu ficar quieta. Lydia, sozinha, caiu de joelhos no chão em um pranto desolador. Lydia nunca tinha chorado tão alto, e doía fisicamente, mas o choro fez Lydia sentir-se muito bem, pois era um grande alívio.

Uma assistente de compras se aproximou de Lydia, e, olhando para ela, falou com uma voz muito familiar: “Olá. Posso te ajudar?” O coração de Lydia parou, e ela perguntou: “Soft Voice? É você?”


Tradução & Adaptação: Equipe Naomi Scott Brasil