Naomi Scott, Olivia Cooke e Bel Powley são as estrelas e as produtoras executivas da série de podcast chamada Soft Voice. A história acompanha uma jovem mulher (Scott) com uma voz em sua cabeça que diz a ela o que fazer, guiando-a para seu sucesso extraordinário. Um dia, a voz desaparece — e uma nova voz assume. A série de 10 episódios foi criada pelo ator James Bloor (Barkskins).
Confira o resumo do décimo episódio de Soft Voice.
EPISÓDIO DEZ – REQUIEM (ALERTA DE GATILHO: AUTOMUTILAÇÃO)
Um acorde longo de um órgão é tocado na igreja. Soft Voice conta que era um dia comum e ensolarado, e que Lydia não dormira pois ficou pensando sobre o poema de sangue de Jean. “De alguma forma”, diz Soft Voice, “Lydia sabia que hoje seria um grande dia. Talvez o maior de todos os dias. Mas ela não conseguia descobrir precisamente o porquê, ou o que, ou como.” Normalmente, quando Lydia não tem certeza de algo, ela recorre à Soft Voice. Mas Soft Voice recebeu o horrível e incomum som: o silêncio. Durante toda a manhã, Lydia não dirigiu uma única palavra à Soft Voice.
Um carro preto foi até a Igreja Católica de São Januário, e dele saíram Jane, Mark, tio Rick, Greham, Jeanie e Lydia. Jane foi com Mark, empurrando a cadeira de rodas dele. Tio Rick foi atrás, ajustando a gravata preta, e Lydia foi ao lado de Greham que segurava a Jeanie. Na entrada eles encontraram o padre que os cumprimentou com um sorriso e disse: “Bem vindos. Bem vindos. Deus esteja convosco.” Jane agradeceu, e marchou igreja adentro com Mark, tio Rick ao seu lado. Lydia mergulhou os dedos na água benta, tocando a testa, o peito e os ombros e seguiu sua família, olhando para os santos, mártires e os vitrais. Lydia sentou-se ao lado do tio Rick no primeiro banco, enquanto que o padre incensou a igreja e subiu ao altar.
O padre inicia a celebração da missa especial à Judith Catherine Gumpfield, desejando as boas vindas a todos e principalmente à família e amigos ali presente, enquanto agradece a Deus por sua vida. Ele pede para que todos usem o dom concedido por Deus, da imaginação, para criarem a imagem das centenas de pessoas que Judith conheceu durante sua longa vida de 89 anos. Para imaginarem todas essas pessoas sentadas ali com eles, risos e lágrimas nas faces, cada um deles relembrando e celebrando a mulher maravilhosa, Judith, “que cada um de vocês conheceu como uma pequena parte no mistério de Cristo”. Prosseguindo, ele diz que o momento de relembrar Judith pode também ser usado para que cada um volte seus olhos para dentro de si e lembrar que a vida de cada um não é nada além da morte, que todos estão certos de ter, mas que Deus tem prorrogado desde o nascimento de cada um para que o propósito único seja alcançado. O padre diz que talvez eles nunca cheguem a saber como exatamente Judith morreu, eles só sabem que um dia ela sumiu, e que deve ser muito mais difícil um memorial sem o corpo, pois eles não vêem o corpo de Judith diante deles. “Mas eu vos digo, cheio de fé, que apesar de não enxergarem Judith, ela está aqui entre nós. No DNA de suas células. Guardada em suas memórias, e na presença do espírito criativo do Universo.” Ele então chama Richard, o filho de Judith, para subir ao altar e ler um tributo para ela.
Tio Rick não consegue. Ele diz que não consegue ir lá e ler, o que deixa Jane irritada. Tio Rick pergunta se Jane poderia ler e ela responde com um incisivo não. Mark se oferece para ler, mas Jane não permite, já que não daria nem para levar ele até o altar. Vendo a confusão, o padre pergunta se Richard preferiria que ele mesmo lesse. “Lydia”, tio Rick chama, “você poderia?” Lydia hesita, mas então aceita, dizendo que não há problemas. Entrega Jeanie para ele e caminha para o altar. Jeanie late quando a dona se afasta. Lydia começa a ler: “Judith Catherine Gumpfied nasceu em Chiswick, Londres, no dia 4 de janeiro. A caçula dos quatro filhos de Elizabeth (…) e James (…). Diferente dos seus irmãos mais velhos, Judith recebeu uma educação formal numa casa-escola para garotas em Norfolk, onde o instrutor em 1937 falou que Judith tinha um talento especial…” e o telefone toca.
Escutamos Jane murmurar. Lydia interrompe a leitura e pede perdão, descendo do altar e indo até a sua bolsa. “Esqueci de colocar no silencioso”, ela avisa pouco antes de pegar o aparelho. Uma ligação perdida de um número desconhecido, duas mensagens, a primeira mensagem dizendo: “Olá Lydia, aqui é o Salim, o amigo da sua avó de Berlim.” Jane pergunta se era algo de importante e Lydia guarda o celular no bolso, pedindo desculpas outra vez e voltando ao altar, com Soft Voice a importunando. Lydia pede perdão a todos uma vez mais, “Salim de Berlim…”, diz Soft Voice enquanto Lydia tenta se localizar no texto “O que ele poderia querer?” Lydia reencontra o trecho que parou, relendo-o, e prosseguindo ao dizer que Judith tinha um talento especial em fazer amigos. Lydia é novamente interrompida quando a inquieta Jeanie late, mas tenta prosseguir ao ler que ela tinha um talento ainda maior em criar inimigos. “Esse relatório foi escrito quando ela tinha nove anos. Eu acho que aqueles que conheceram a minha mãe podem concordar que ela não mudou muito nesse aspecto pelos próximos oitenta anos.” Jeanie late outra vez. E de novo, e de novo, e de novo. Lydia tenta ignorar e Greham tenta conter a cachorrinha, que continua a latir e o ambiente torna-se quase caótico até que as grandes portas da igreja se abrem de uma vez. Todos se viraram, e ninguém respirou. A silhueta de uma mulher de pé na entrada. “Vó Night-Night?”, Lydia sussurra incrédula.
A mulher entrou na igreja, mas ela não era a vó Night-Night. Ela era uma policial, e atrás dela estava um outro policial que fechou as portas. O coração de Lydia começou a bater em seus ouvidos. Lydia virou-se para o padre e falou que precisava ir ao banheiro, muito rápido. Ele indica o caminho e ela corre para lá. “Lydia, devagar”, Greham fala, e Jane exclama: “Lydia!” A mulher entrou no banheiro, pegou o telefone em suas mãos trêmulas, leu a mensagem de Salim por completo com a voz ofegante: “Olá Lydia, aqui é o Salim, o amigo da sua avó de Berlim. Me desculpe por demorar tanto a te encontrar online. Eu preciso te passar uma mensagem da sua avó, vou te enviar por vídeo. Eu espero que você esteja bem e saiba que você fez algo incrível”.
Lydia abriu o vídeo, e era vó Night-Night ali. “Olá Lydia, eu estou em um banheiro aqui na discoteca de Berlim. Você está em algum lugar na pista de dança tendo um momento esplêndido. Enfim, quando você receber esse vídeo, eu estarei morta. E eu quero que você saiba, Lydia, que a morte é absolutamente segura”, então ela cumprimenta alguém durante o vídeo, e o chama para dar oi para sua neta.
A pessoa assim o faz e vó Night Night retorna ao foco: “Agora, vamos tratar das legalidades antes. Então, para qualquer um que se preocupe, eu, Judith C. Gumpfield formalmente perdôo minha neta, Lydia, de qualquer ou toda responsabilidade acerca da minha morte. É inteiramente do meu desejo vir aqui para morrer. Pronto. Isso vai te tirar de qualquer problema que você possa arranjar com a polícia. Agora, Lydia, tem uma outra coisa que eu quero falar com você antes que eu parta. Eu quero te contar algo. Algo sobre você. Eu assisti você crescer,” escutamos Lydia chorar “de uma pequenina criança até uma jovem mulher, e o que eu percebi, Lydia, é que você age fingindo ser perfeita. Agora a única razão, minha querida, para alguém tentar tanto convencer todos ao redor de que essa pessoa é perfeita, é porque ela sente-se profundamente imperfeita, por dentro. Em resumo, Lydia, você se comporta como se houvesse algo profundamente errado com você, algo que você precisa consertar. Me desculpe se isso venha como um dissabor para você, minha querida, mas o fato simples é que você é só uma mistura de trevas e luz, que todos nós somos. Você vai ferir pessoas, e você vai ser ferida. Você vai curar pessoas, e você vai ser curada. E assim é a vida. A única coisa que está errada com você, minha querida, é que…” alguém bate na porta com força, assustando Lydia, que xinga baixinho. “Lydia?”, chama a mulher do lado de fora, “Lydia, meu nome é detetive Violet Blow. Temo que eu precise de fazer algumas perguntas.”
Lydia destrancou a porta, vestida em seu vestido preto, e encarou a detetive. A detetive era mais alta que Lydia, e estava no início de seus 60 anos. Lydia pegou o telefone do chão, a tela rachada. “Olá Lydia”, a detetive Blow falou, e Soft Voice comanda que Lydia não falasse nada. “Me acompanhe, por favor”, pediu a mulher. A detetive e o outro policial foram com Lydia até a nave da igreja. A família fica desconcertada, perguntando quem é a mulher e o que está acontecendo. A detetive pede desculpas e informa que precisa fazer perguntas a Lydia.
Jane puxa a filha pelo braço, afastando-a dos policiais, e pergunta: “O que está acontecendo? O que você fez!?” Lydia não respondeu, “Isso é um ultraje! Interromper um funeral de família, você não tem vergonha!?” Violet se desculpa, desejando que o resto do memorial ocorra bem e prestando suas condolências à família. Jane manda que a mulher saia, e Violet pede para que Lydia a seguisse. “Ela não vai seguir você!” diz Jane, então Violet precisa ser mais clara, colocando as algemas em Lydia e dizendo: “Lydia, eu estou te prendendo por ligação à morte de uma mulher desconhecida.” os familiares ficam confusos e Jane começa a chorar copiosamente, bem como Jeanie que começa a latir. “Pensando, Lydia!”, grita tio Rick, “Pensando! Tudo o que você vê ao seu redor começou como um pensamento!”
A detetive Blow colocou Lydia na parte de trás da viatura e dirigiu. “Nós não estamos levando-a para o posto, chefe?”, pergunta o outro policial. “Nós não estamos levando-a para o posto, Simmons. Estamos levando-a para a casa dela.” Ele tenta argumentar, mas Violet diz que reconhece um erro quando o encontra, que ela pode senti-lo nos ossos. Saindo da viatura, eles caminham um pouco até chegar na casa de Lydia. “Permita-me tirar suas algemas, Lydia”, diz Blow, “Por favor, abra a porta.” Lydia abre sua bolsa para pegar as chaves, mas quando tira a mão da bolsa ela deixa cair o poema de sangue no concreto. Como um falcão, Blow pegou o papel e comentou com um sorriso “Que notável caligrafia você tem, Lydia”, mas Lydia evitou os olhos da detetive e enfiou a chave na fechadura “para entrarem em sua cabeça,” narra Soft Voice, “para entrarem em sua casa.”
“Mantenha a calma, Lydia”, diz Soft Voice “e faça exatamente o que eu mandar. Eu sou sua única esperança.” Elas entram em casa e Violet pede para que Lydia se sente. Soft Voice manda que ela obedeça e assim Lydia o faz. “Como eu disse, Lydia, eu preciso te fazer algumas perguntas e essa conversa será gravada”, diz a detetive, começando a gravar, “Lydia, pode me dizer onde você estava na noite de sábado do dia primeiro de setembro?”, a mulher interroga. Soft Voice fala para Lydia manter-se quieta, que ela tem o direito de manter-se em silêncio. “Está bem, Lydia, vamos tentar de outra maneira…”, Blow decide, e Soft Voice manda Lydia parar de demonstrar nervosismo.
A detetive continua: “Quando recuperamos o corpo de uma jovem mulher do canal, semana passada, nossa equipe pôde extrair informações a partir do telefone inundado dela.” Soft Voice manda, com a voz quase distante, que Lydia não faça nenhum comentário, e a policial continua “Nós encontramos um número salvo como Lydia, com um coração”. Soft Voice está com a voz ainda mais distante, e a detetive fala que eles rastrearam o número e chegaram até Lydia. “O que você pode me contar sobre esse pedaço de papel que caiu da sua bolsa, Lydia? Parece uma carta. Ou um poema? Escrito em vermelho. Contudo, é mesmo vermelho? Está mais para marrom, na verdade, não está? Muito semelhante, de fato, às centenas de poesias que encontramos escritas em sangue, quando localizamos a casa da mulher…” Uma lembrança surge para Lydia, na qual ela pergunta para Jean se o podcast que elas estavam prestes a ouvir seria assustador, e Jean respondeu que seria um pouquinho, mas que ela protegeria Lydia.
“Talvez você possa descrever a natureza da sua relação…” A voz de Jean soa em outra lembrança, em que ela conduz Lydia a passar a loção na pele e Lydia diz que gosta de receber ordens. “Parece que vocês duas eram próximas”, conclui Violet. Lydia, em sua memória, pergunta onde dói, e Jean indica enquanto Lydia se concentra em massagear-lhe a cabeça. “Por que você não reportou quando ela sumiu? Não estava preocupada?” e Lydia recorda de quando Jean disse que a amava, e ela respondeu que a amava também. “Alguma coisa deu errado, Lydia?”, e Jean diz que Lydia a estava assustando, “Houve uma luta? Um acidente?”, a dor de cabeça de Jean piora nas lembranças da mulher, e Violet é mais firme: “Comece a falar, Lydia.” Jean diz que no momento em que ela entrar, a memória das duas na água, Lydia ficará bem.
Lydia lembra de dizer que não acredita que consiga, mas Jean disse que é óbvio que ela consegue. “Eu sei o que você está escondendo”, falou a detetive. Lydia ainda assim fica em silêncio, então Violet decide prosseguir: “Deve ser muito solitário dentro da sua cabeça, Lydia. Por que não me conta no que está pensando?” “Pensando”, Lydia diz, finalmente. Quando a detetive pede para que Lydia confirme o que disse, ela explica: “Eu disse ‘pensando’, porque eu estava tentando parar de pensar, e tentando fazer um intervalo na maratona, no meio ou no início, porque acontece que você pode fazer essas coisas. Porque mesmo que o total de matéria e energia no Universo mantenha-se constante, só mudando de uma forma para outra, você nunca conseguirá aquelas formas de volta”, então Lydia faz uma pausa, “Eu matei a Jean. Fui eu. Eu não tinha a intenção, eu estava tentando consertar a dor de cabeça dela! Mas eu também estava tentando… eu estava desesperada para ter a Sof… minha amiga, eu estava desesperada para ter minha amiga de volta para mim e eu… perdi o controle. Eu não quis machucar ninguém, eu nunca quis machucar ninguém. Eu precisava de algo. De alguém. De mim mesma. Eu precisava ter a mim mesma de volta. E eu estive escondendo e trapaceando e fingindo que eu sou correta. Fingindo até que eu sou a melhor. Porque eu sei que eu sou a pior. E eu acho que é isso que está terrivelmente errado em mim. Está terrivelmente errado em mim que eu saia por aí acreditando que exista algo terrivelmente errado em mim, então quando eu tento fazer coisas para provar que não há nada de terrivelmente errado em mim e, quando não funcionam eu… faço coisas para comprovar que há sim.” Lydia está chorando a essa altura, e Violet mantém-se em silêncio, até Lydia perguntar se ela não falará nada. “Minha nossa… então é você”, ela diz, perplexa. “Sim, sou eu”, Lydia confirma. “Eu sabia”, sussurra a detetive, “a sua voz.”
“Olá, Lydia”, Dark Voice diz de repente, assustando Lydia. Violet pergunta o que há de errado e a Dark Voice gargalha histericamente. “Você está bem?”, a detetive pergunta, enquanto que a gargalhada alta ainda toma conta da cabeça de Lydia. Lydia corre para o banheiro e se tranca lá dentro. Violet bate na porta, mandando que ela abrisse, mas Dark Voice continua a gargalhar e gritar dentro de sua cabeça: “Você é tão fraca, Lydia!” e por um instante, a música cessa, e escutamos Lydia ofegante e o grito da Dark Voice: “Pegue a furadeira!”
Todo o horror retorna, com Lydia implorando para que não fizesse isso, dizendo que não e não. “Você me desobedeceu e arruinou absolutamente tudo!” Dark Voice gargalha, enquanto Lydia grita, com a voz distorcida, o tanto que a odeia. “Lydia!”, Violet continua batendo na porta. “Eu não quero viver com você de jeito nenhum, eu prefiro estar morta a viver com você então saia de mim! Saia da minha cabeça! Saia!” Lydia chora, pegando a furadeira. “Ela coloca a furadeira dentro da boca”, diz Dark Voice, “Ela pressiona a furadeira em seu palato mole, pronta para arrancar seu cérebro! Ela prepara para puxar o gatilho, na contagem de três. Um. Dois. Três!” A furadeira liga. “Lydia!” Violet arromba a porta, “Pare! Abaixa isso!” A furadeira cai bruscamente no chão e Lydia chora de dor e agonia. “Eu quero que você saiba que está vindo comigo”, diz Blow, pegando a mulher enquanto Lydia chora, dizendo que saísse de sua cabeça. “Deixe os quartos Simmons, eu a peguei no banheiro, e consegui a arma do assassinato. Eu vou levá-la para fora.”
Enquanto Violet leva Lydia para fora, a mais nova chora pedindo perdão, dizendo que não teve a intenção. “Entra no carro”, manda a policial, colocando Lydia ali e ela entra também. Lydia se acalma um pouco. A detetive respira fundo e diz: “Não há maneira fácil de te falar isso, Lydia. É sobre a sua voz.” Lydia pergunta o que tem a voz dela, e Violet explica, devagar: “Você é a voz na minha cabeça. Você soa exatamente como a voz na minha cabeça.” Lydia pergunta como, e a Blow responde: “Eu sei que parece loucura. É… é muita coisa para digerir”, ela começa a rir, e Lydia pergunta se pessoas que escutam vozes em suas cabeças são insanas. “Oh, Lydia”, diz a detetive, “Eu sei que é muito difícil para você entender porque você pensa que você é uma pessoa chamada Lydia. Mas na verdade você é uma parte, um fragmento, da minha psiquê. E-eu… eu não consigo acreditar que finalmente te encontrei. Talvez foi você quem me encontrou. De qualquer forma, eu tenho procurado você por anos. E aqui está você. Eu tive um pressentimento, sabe? Eu tive um pressentimento de que seria você. Você é a última.” E com isso, Blow ligou o carro e dirigiu em direção à noite fria de inverno. Lydia estava tão chocada que permaneceu sentada em silêncio, a boca entreaberta.
“Ela era mesmo só uma voz? Só um som? Só um murmúrio dentro da cabeça de outrém?”, pergunta Dark Voice. “Se ela é uma parte da detetive Blow, significa que Jean era uma parte dela mesma? Uma parte gentil e feia dela mesma, que ela matou?”, Soft Voice traz à tona. “Foram todos os horrores de sua vida, Lydia imaginou, foram todas as alegrias simplesmente os eventos de uma história construída dentro da imaginação de alguém?”, Dark Voice fala conosco, e Soft Voice conta que Lydia segurou a própria mão com força. “Estava quente”, contou-nos Dark Voice, “Parecia real o suficiente.” A detetive olhava para a estrada, as luzes e sombras passando por seu rosto.
“Como deve ser dentro dela? Lydia imaginou.” “Uma pessoa,” Soft Voice prosseguiu “ou uma personagem?” “A narradora da história, ou uma história sendo narrada?” Lydia sussurrou: “Então eu sou mesmo a voz na sua cabeça?”, e a detetive Blow respondeu: “Bom… você é uma delas.” Lydia pergunta para onde elas estão indo, e a detetive Blow sorriu, lágrimas rolando por suas bochechas: “Conhecer as outras.”
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Tradução & Adaptação: Naomi Scott Brasil